João Batista
(Judeia, 2 a.C - 27 d.C.) foi um pregador judeu do início do século I, citado pelo historiador Flávio Josefo e os autores dos quatro Evangelhos da Bíblia.
Segundo
a narração do Evangelho de Lucas, João Batista era filho
do sacerdote Zacarias e Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus. Foi profeta e é considerado, principalmente pelos cristãos, como o "precursor" do prometido Messias, Jesus Cristo.
A
importância do seu nome João, advém do seu significado que é "Deus
é propício" e apelidaram-no "Baptista" pelo facto de pregar
um baptismo de penitência (Lucas 3,3). Baptizou muitos judeu, incluindo Jesus, no rio Jordão e introduziu o batismo de gentios nos rituais de conversão judaicos, que
mais tarde foram adaptados pelo cristianismo.
Giampietrino
(Img.WEB)
A virgem Amamentando o menino e São João Batista - Criança em Adoração, c.1500-20
Infância e educação
São João Batista com seu cajado e a seu lado
o carneiro.
(Img.WEB)
É o único santo cujo nascimento
e martírio, em 24 de Junho e em 29 de Agosto respectivamente, são evocados em duas
solenidades pelos cristãos.
João nasceu numa pequena aldeia
chamada Aim Karim, a cerca de seis quilômetros
lineares de distância a oeste de Jerusalém. Segundo
interpretações do Evangelho de Lucas, era um nazireu de nascimento.
Outros documentos
defendem que pertencia à facção nazarita de Israel, integrando-a na puberdade,
era considerado, por muitos, um homem consagrado. De acordo com a cronologia neste
artigo, João teria nascido no ano 7 a.C.;
os historiadores religiosos tendem a aproximar esta data do ano 1º, apontando-a
para 2 a.C.
Como
era prática ritual entre os judeus, o seu pai Zacarias teria procedido à cerimônia da circuncisão, ao oitavo dia de vida do menino.
A sua educação foi
grandemente influenciada pelas acções religiosas e pela vida no templo, uma vez
que o seu pai era um sacerdote e a sua mãe pertencia a uma sociedade chamada
"as filhas de Araão", as quais cumpriam com determinados
procedimentos importantes na sociedade religiosa da altura.
Aos 6 anos de idade, de acordo
com a educação sistemática judaica, todos os meninos deveriam iniciar a sua
aprendizagem "escolar". Em Judá não existia uma escola, pelo que terá
sido o seu pai e a sua mãe a ensiná-lo a ler e a escrever, e a instruí-lo nas
actividades regulares.
Aos 14
anos há uma mudança no ensino. Os meninos, graduados nas escolas da sinagoga,
iniciam um novo ciclo na sua educação. Como não existia uma escola em Judá, os
seus pais terão decidido levar João a Engedi (atual Qumram) com o fito de este ser iniciado na educação nazita.
Engedi
era a sede ao sul da irmandade nazarita, situava-se perto do Mar Morto e era liderada por um homem,
reconhecido, de nome "Ebner".
João
terá efectuado os votos de nazarita que incluíam abster-se de bebidas
intoxicantes, o deixar o cabelo crescer, e o não tocar nos mortos. As ofertas
que faziam parte do ritual foram entregues em frente ao templo de Jerusalém
como caracterizava o ritual.
Segundo
o relato bíblico (Mt 3,4), João também trajava veste simples (de pelos de
camelo, um cinto de couro em torno de seus lombos) e alimentava-se de
"gafanhotos (ou alfarrobas) e mel silvestre" - considerando
que o termo "gafanhoto" é referido também como tal planta (Ceratonia siliqua), uma árvore de
fruto adocicado comestível, nativa da região mediterrânica, onde provavelmente
vivia o personagem bíblico, conhecida ainda como Pão-de-João ou Pão-de-São-João, figueira-de-pitágoras e figueira-do-egipto.
Morte dos pais e início da vida adulta
O pai de João, Zacarias, terá morrido
no ano 12 d.C.. João teria 18-19 anos de idade, e
terá sido um esforço manter o seu voto de não tocar nos mortos. Com a morte do
seu pai, Isabel ficaria dependente de João para o seu sustento.
Era normal ser
o filho mais velho a sustentar a família com a morte do pai. João seria filho
único. Para se poder manter próximo de Engedi e ajudar a sua mãe, eles terão se
mudado, de Judá para Hebrom (o deserto da
Judeia).
Ali João terá iniciado uma vida de pastor, juntando-se às dezenas de
grupos ascetas que deambulavam por aquela
região, e que se juntavam amigavelmente e conviviam com os nazaritas de Engedi.
Isabel terá morrido no ano 22.d.C e
foi sepultada em Hebrom. João ofereceu todos
os seus bens de família à irmandade nazarita e aliviou-se de todas as
responsabilidades sociais, iniciando a sua preparação para aquele que se tornou
um “objectivo de vida” - pregar aos gentios e admoestar os judeus, anunciando a
proximidade de um “Messias” que estabeleceria o “Reino do Céu”.
De acordo com
um médico da Antioquia, que residia
em Písia, de nome Lucas, João terá iniciado o seu trabalho de pregador no 15º
ano do reinado de Tibério.
Lucas foi um discípulo de Paulo e
morreu em 90.A sua herança escrita, narrada no "Evangelho segundo São Lucas" e "Atos dos Apóstolos" foram compiladas em acordo com os seus apontamentos dos conhecimentos de Paulo
e de algumas testemunhas que ele considerou.
Este 15º ano do reinado de Tibério Cesar terá marcado, então, o
início da pregação pública de João e a sua angariação de discípulos por toda a
Judeia em acordo com o Novo Testamento.
Esta data choca com os acontecimentos
cronológicos. O ano 15 do reinado de Tibério ocorreu no ano 29 d.C.. Nesta data, quer João Baptista, quer Jesus teriam
provavelmente 36 a 37 anos de idade. Desta forma, considera-se que Lucas tenha
errado na datação dos acontecimentos.
Influência religiosa
É perspectiva comum que a principal
influência na vida de João terá sido o registros que lhe chegaram sobre o
profeta Elias.
Mesmo a sua forma de vestir com peles de animais e o seu método
de exortação nos seus discursos públicos, demonstravam uma admiração pelos
métodos antepassados do Profeta Elias.
Foi muitas vezes chamado de
“encarnação de Elias” e o Novo Testamento, pelas palavras de Lucas, refere
mesmo que existia uma incidência do Espírito de Elias nas acções de João.
O Discurso principal de João era a
respeito da vinda do Messias. Grandemente esperado por todos os judeus, o
Messias era a fonte de toda as esperanças deste povo em restaurar a sua
dignidade como nação independente.
Os judeus defendiam a ideia da sua
nacionalidade ter iniciado com Abraão, e que esta atingiria o seu ponto
culminar com achegada do Messias. João advertia os judeus e convertia gentios,
e isto tornou-o amado por uns e desprezado por outros.
Importante notar que João não
introduziu o baptismo no conceito judaico, este já era uma cerimónia praticada.
A inovação de João terá sido a abertura da cerimónia à conversão dos gentios,
causando assim muita polémica.
Numa pequena aldeia de nome “Adão”
João pregou a respeito “daquele que viria”, do qual não seria digno nem de
apertar as alparcas (as correias das sandálias). Nessa aldeia também, João
acusou Herodes e repreendeu-o no seu discurso, por este ter uma ligação com a
sua cunhada Herodíades, que era mulher de Filipe, rei da Ituréia e Traconites
(irmão de Herodes Antipas I).
Esta acusação pública chegou aos ouvidos do tetrarca e valeu-lhe a prisão e a
pena capital por decapitação alguns meses mais tarde.
O batismo de Jesus
João batizava em Pela, quando Jesus
se aproximou, na margem do rio Jordão. A síntese bíblica do acontecimento
é resumida, mas denota alguns fatores fundamentais no sentimento da experiência
de João.
Nesta altura João encontrava-se no auge das suas pregações. Teria já
entre 25 a 30 discípulos e batizava judeus e gentios arrependidos. Neste tempo
os judeus acreditavam que Deus castigava não só os iníquos, mas as suas
gerações descendentes.
Eles acreditavam que apenas um judeu poderia ser o
culpado do castigo de toda a nação. O baptismo para muitos dos judeus não era o
resultado de um arrependimento pessoal. O trabalho de João progredia.
Os relatos Bíblicos contam a história
da voz que se ouviu, quando João batizou Jesus, dizendo “este é o Meu filho
amado no qual ponho toda a minha complascência”.
Refere que uma pomba esvoaçou
sobre os dois personagens dentro do rio, e relacionam essa ave com uma
manifestação do Espírito Santo. Este acontecimento sem qualquer repetição
histórica tem servido por base a imensas doutrinas.
Prisão e morte
Decapitação e morte de João Batista
O aprisionamento de João ocorreu na Pereia, a mando do Rei Herodes Antipas I no 6º mês do ano 26 d.C..
Ele foi levado para a fortaleza de Macaeros (Maqueronte), onde
foi mantido por dez meses até ao dia de sua morte. O motivo desse
aprisionamento apontava para a liderança de uma revolução.
Herodias, por intermédio de sua filha,
tradicionalmente chamada de Salomé, conseguiu coagir o Rei na morte de
João, e a sua cabeça foi-lhe entregue numa bandeja de prata.
Os discípulos de João trataram do
sepultamento do seu corpo e de anunciar a sua morte ao seu primo Jesus.
Importância para a religião
Cristianismo
Flávio Josefo um historiador do Século I relacionou a derrota do exercito
de Herodes frente a Aresta IV (Rei da
Nabateia) se deveria ao facto da prisão e morte de João Baptista – um homem
consagrado que pregava a purificação pelo Baptismo.
Flávio Josefo refere também que o
povo se reunia em grande número para ouvir João Baptista, e Herodes temeu que
João pudesse liderar uma rebelião, mandando-o prender na prisão de Maqueronte e
de seguida matou-o.
Outras religiões
Igreja Batista A teoria de sucessão
apostólica ou JJJ (João - Jordão - Jerusalém) postula que os batistas atuais
descendem de João Batista e que a igreja continuou através de uma sucessão de
igrejas (ou grupos) que batizavam apenas adultos, como os montanistas,
novacianos, donatistas, paulícianos, bogomilos, albigenses e cátaros, valdenses
e anabatistas. Os batistas landmarkistas utilizam este ponto de vista para se
auto-proclamar única igreja verdadeira.
São João Batista no Espiritismo
Para alguns Espíritas, Elias reencarnou
como João Batista. Mais tarde, teve outras experiências reencarnatórias como
sacerdote druida entre o povo celta, na Bretanha.
Depois como o reformador Jan Hus (1369-1415),
na Boêmia. Na França foi Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), o qual
utilizava o pseudônimo Allan Kardec como
codificador do Espiritismo.
Sua última existência corpórea se deu no Brasil
como Alziro Zaru (1914-1979),
fundador da LBV, entidade de cunho espiritualista-universalista. Parte dos espíritas acreditam
que Chico Xavier (1910-2002)
tenha sido sua última existência na Terra.
Outra corrente diz ele ter nascido
dia 23 de Fevereiro de 1911 com o nome de Oceano de Sá, mais tarde chamado de
Yokaanam:. (fundador da Fraternidade:. Eclética:. Espiritualista:. Universal:.
- Primeiro:. Santuário:. Essênio:. do Brasil:. e das Américas:.), reconhecido
como tal por diversas escolas sérias e reconhecidas mundialmente, embora o
mesmo não assumisse publicamente pois nunca achou necessário e não queria tirar
proveito algum de tal reconhecimento.
Tais divergências quanto às reencarnações
de João Batista se tornam uma questão de fé, dada a impossibilidade de serem
atestadas cientificamente.
Fonte: Wikipédia
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