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terça-feira, 21 de outubro de 2025

IBAMA VALIDA LICENÇA PARA PETROBAS NA FOZ DO AMAZONAS

IBAMA VALIDA LICENÇA PARA

PETROBAS NA FOZ DO AMAZONAS

 Petrobras recebe aval do Ibama para perfurar poço

 exploratório na região da Foz do Amazonas

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comemorou a decisão e disse que a exploração da Margem Equatorial é o "futuro da soberania energética". Perfuração, prevista para durar cinco meses, avalia se há petróleo e gás em escala comercial.

Por Poliana Casemiro, g1 20/10/2025 

A Petrobras obteve nesta 2ª feira (20.out.2025) a licença de operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para iniciar a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá, na região da Margem Equatorial.

A Petrobras recebeu nesta segunda-feira (20) a licença de operação do Ibama para perfurar um poço exploratório em águas profundas na região da Foz do Amazonas. 

A área é considerada uma das novas fronteiras de petróleo e gás do país.

Infográfico mostra o local em que a Petrobras vai explorar petróleo na bacia da Foz do Amazonas. — Foto: Arte/g1

Segundo o Ibama, a licença foi concedida após uma série de aperfeiçoamentos no projeto da Petrobras. 

A empresa disse que comprovou a "robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente" que será usada na perfuração.

Além disso, a Petrobras afirma que novas fronteiras de exploração são importantes para "assegurar o setor energético do país e os recursos necessários para a transição energética justa".

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comemorou a decisão e disse que a exploração da Margem Equatorial é o "futuro da soberania energética".

Antes da aprovação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em diferentes ocasiões, que a exploração na região será feita com responsabilidade e que o Brasil não está preparado para abrir mão dos combustíveis fósseis, assim como nenhum outro país no mundo.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou que a licença mostra "que é possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental, garantindo que os benefícios dessa atividade cheguem às populações locais e fortaleçam a soberania energética nacional".

Após a aprovação, ambientalistas e entidades afirmaram que a licença é um duro golpe nas políticas ambientais às vésperas da COP30.

Onde será a exploração?

Foto: Arte/g1


O bloco FZA-M-059 fica a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas e 175 km da costa, em uma região de mar aberto. 

A perfuração deve começar imediatamente e tem duração prevista de cinco meses.

Segundo a estatal, nesta fase o objetivo é coletar informações geológicas e avaliar se há petróleo e gás em escala comercial.

Impacto econômico

A expectativa sobre a área é que ela seja um novo "pré-sal" com reservas que permitiriam explorar 1,1 milhão de barris de petróleo por dia. 

Isso é mais do que a capacidade dos dois campos atuais. 

Tupi produz um milhão de barris por dia e Búzios, 800 mil.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), seria possível retirar até 10 bilhões de barris de petróleo. 

Atualmente, o país tem uma reserva comprovada de 16,8 bilhões de barris, o que seria suficiente para manter o país sem precisar comprar petróleo de outros países até 2030.

Ibama cita aperfeiçoamentos

Segundo o Ibama, a licença foi concedida após uma série de aperfeiçoamentos no projeto da Petrobras desde o indeferimento do pedido original, em maio de 2023.

“Após o indeferimento do requerimento de licença em maio de 2023, Ibama e Petrobras iniciaram uma intensa discussão, que permitiu significativo aprimoramento do projeto apresentado, sobretudo no que se refere à estrutura de resposta a emergências”, informou o órgão ambiental.

Entre as medidas exigidas, o Ibama destacou a construção e a operação de um novo Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) de grande porte no município de Oiapoque (AP) — que se soma ao já existente em Belém (PA) —, além da inclusão de três embarcações offshore dedicadas ao atendimento de fauna oleada e quatro embarcações de apoio nearshore.

O instituto afirmou ainda que essas exigências adicionais “foram fundamentais para a viabilização ambiental do empreendimento, considerando as características ambientais excepcionais da região da bacia da Foz do Amazonas”.

Petrobras: padrões atendidos

A Petrobras afirmou que a licença marca “uma conquista da sociedade brasileira” e que o processo de licenciamento permitiu comprovar “a robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente” prevista para a perfuração em águas profundas do Amapá.

A estatal disse que vai operar “com segurança, responsabilidade e qualidade técnica” e que a pesquisa busca confirmar o potencial da Margem Equatorial, considerada estratégica para “assegurar a segurança energética do país e os recursos necessários para a transição energética justa”.

"Em todos os cenários alinhados ao Acordo de Paris, as atividades de petróleo e gás continuarão sendo essenciais, pelos próximos anos, para viabilizar que a transição energética aconteça com garantia de disponibilidade, acesso e confiabilidade no fornecimento de energia. 

Por isso, com a exploração de petróleo na Margem Equatorial, buscaremos novas reservas de petróleo para garantir a energia que o Brasil precisa", afirma a empresa em nota sobre a exploração da Margem Equatorial.

Exploração antes da produção

Nesta fase, não há produção de petróleo — trata-se exclusivamente de pesquisa exploratória. 

Apesar disso, essa etapa é vista como uma derrota para aqueles que eram contra a exploração na região.

A licença para exploração encerra um processo que durou mais de uma década: o bloco foi concedido em 2013 e o processo de licenciamento ambiental do bloco 59 começou em abril de 2014.

Em agosto, a empresa realizou um simulado de emergência supervisionado pelo Ibama, etapa final para comprovar a capacidade de resposta e segurança da operação.

Próximas etapas

Agora, antes de a estatal produzir petróleo na Foz do Amazonas, algumas etapas precisam ser cumpridas, como: constatar que há petróleo em volume suficiente que justifique o investimento em produção;

declarar a comercialidade da área, o que dá início à fase de desenvolvimento do campo;

ter o licenciamento ambiental para a atividade de produção aprovado pelo Ibama.

Repercussão da licença

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comemorou a decisão do órgão.

“A Margem Equatorial representa o futuro da nossa soberania energética. 

O Brasil não pode abrir mão de conhecer seu potencial. 

Fizemos uma defesa firme e técnica para garantir que a exploração seja feita com total responsabilidade ambiental, dentro dos mais altos padrões internacionais, e com benefícios concretos para brasileiras e brasileiros. 

O nosso petróleo é um dos mais sustentáveis do mundo, com uma das menores pegadas de carbono por barril produzido, assim como a nossa matriz energética altamente renovável, que é exemplo para o mundo”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.

Grupos e entidades ambientalistas reagiram à licença do Ibama para perfuração na Foz do Amazonas qualificando a decisão como uma "dupla sabotagem à COP30 e ao clima".

“Por um lado, o governo atua contra a humanidade, ao estimular mais expansão fóssil e apostar em mais aquecimento global. 

Por outro, atrapalha a própria COP30, cuja entrega mais importante precisa ser a eliminação gradual dos combustíveis fósseis”, disse Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.

Em entrevista ao g1 em agosto, a ministra Marina Silva, ao ser questionada sobre o desejo do governo Lula de explorar petróleo na região, disse que era "preciso um caminho do meio e que os países ricos é que deveriam ir na frente".

"Eu tenho que olhar para a matriz energética global e o que foi acordado é que países ricos vão à frente países em desenvolvimento vêm em seguida. 

O Brasil tem dado uma contribuição muito grande na sua matriz energética e está trabalhando muito", disse Marina.

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